BRASIL - O juiz federal Sérgio Moro homologou o acordo de leniência entre a
empreiteira Andrade Gutierrez e o Ministério Público Federal. Em troca de poder
continuar mantendo contratos com o poder público, a empresa aceitou pagar R$ 1
bilhão em multas, além de garantir a
colaboração em todas as investigações de corrupção que possa estar envolvida.
Em uma nota, que deverá ser divulgada nos jornais de todo o país na
segunda-feira (8), a empresa reconheceu ter cometido "erros graves"
nos últimos anos e pede desculpas. "Além do pagamento de indenização de R$
1 bilhão, previsto no acordo de leniência, a Andrade Gutierrez deve um sincero
pedido de desculpas ao povo brasileiro. Reconhecemos que erros graves foram
cometidos nos últimos anos e, ao contrário de negá-los, estamos assumindo-os
publicamente", diz trecho do texto. Leia a íntegra abaixo.
Além da multa, o acordo prevê que a empreiteira implante programas de
punição a executivos envolvidos em atos de corrupção, com relatórios sendo
apresentados periodicamente ao MPF.
Além da multa, a empreiteira terá de ressarcir a Petrobras pelos
prejuízos causados à estatal. Os executivos da empresa, Flávio Gomes Machado,
Elton Negrão e Otávio Marques de Azevedo, que cumprem prisão domiciliar, são
acusados pelo Ministério Público Federal pelos crimes de corrupção ativa,
organização criminosa e lavagem de dinheiro. Outros dois funcionários da
empreiteira são acusados pelo mesmo crime.
Nesta ação penal, o MPF pede que os réus sejam condenados a devolver R$
486 milhões aos cofres da Petrobras e o confisco de outros R$ 243 milhões. O
andamento da ação penal está suspenso desde fevereiro, quando o juiz Sérgio
Moro alegou haver um "fato relevante superveniente", ou seja, um fato
que surgiu depois do processo em andamento. O magistrado, no entanto, não
explicou qual seria este novo episódio.
Maior acordo
A Andrade Gutierrez não foi a primeira empreiteira a
fechar acordo de leniência com as autoridades brasileiras em virtude da
Operação Lava Jato. No entanto, o valor é o maior registrado até agora. A
construtora Camargo Corrêa, por exemplo, firmou acordo com o Ministério Público
Federal (MPF) para a devolução de R$ 700 milhões.
Além disso, em um termo de compromisso com o Conselho Administrativo de
Defesa Econômica (Cade), que é órgão do governo responsável por proteger a
livre concorrência no mercado, a Camargo Côrrea concordou em pagar R$ 104
milhões de ressarcimento. A Setal também fechou um acordo de leniência, ainda
no começo deste ano, com o Cade.