BRASIL - O juiz federal Sérgio Moro decidiu
enviar ao Supremo Tribunal Federal (STF) a superplanilha
com a indicação de pagamentos feitos pela Odebrecht a políticos, encontrada pela
força-tarefa da Operação
Lava-Jato na casa
do ex-presidente de Infraestrutura da empreiteira Benedicto Barbosa Silva
Junior, no Rio de Janeiro.
A superplanilha traz cerca de 300 nomes
ligados a 24 partidos políticos. Levantamento do jornal O Estado de S. Paulo
com base no documento mostra que, em vários casos, os valores são superiores
aos declarados pelos candidatos indicando possível caixa 2.
"O ideal seria antes aprofundar as apurações para remeter
os processos apenas diante de indícios mais concretos de que esses pagamentos
seriam também ilícitos. A cautela recomenda, porém, que a questão seja
submetida desde logo ao Egrégio Supremo Tribunal Federal", registra Moro,
na decisão desta segunda-feira.
A superplanilha, como está sendo chamada a lista nos bastidores
do poder, é a maior relação de políticos e partidos associada a pagamentos de
uma empreiteira capturada pela Lava-Jato desde o início da operação, há dois
anos. Ela foi encontrada nas buscas da 23ª fase, a Acarajé, que teve como alvo
principal o casal de marqueteiros João Santana e Mônica Moura.
A planilha foi divulgada oficialmente pela operação na manhã de
quarta-feira. Mas, no início da tarde, o juiz federal decretou sigilo sobre o documento. Moro
pediu ao Ministério Público Federal que se manifeste sobre "eventual
remessa" dos papéis ao Supremo Tribunal Federal.
Campanhas
As anotações, indica a Lava-Jato,
referem-se às campanhas eleitorais de 2012 (municipais) e 2014 (presidente,
governadores, senadores, deputados federais e estaduais). Segundo a
força-tarefa, não há nenhum indicativo de que os pagamentos sejam irregulares
ou fruto de caixa 2.
Barbosa Silva Jr. é apontado pelos
investigadores como o encarregado de Marcelo Odebrecht, ex-presidente da
empreiteira, para tratar de doações eleitorais e repasses a políticos.
Também há inúmeras anotações manuscritas
fazendo referência a repasses para políticos e partidos, acertos com outras
empresas referentes a obras e até documentos sobre "campeonatos
esportivos", que lembram documentos semelhantes já encontrados na
Lava-Jato e revelaram a atuação de cartel das empreiteiras em obras na Petrobras.
Os partidos que constam na planilha são PT, PMDB, PSDB, PP, PSB,
DEM, PDT, PSD, PC do B, PPS, PV, PR, PRB, SD, PSC, PTB, PTN, PT do B, PSOL,
PPL, PTB, PRP, PCB e PTC. O levantamento jornal O Estado de S. Paulo baseou-se
nas planilhas às quais a reportagem teve acesso.